sábado, 8 de outubro de 2011

Três (melhores) poemas do Minigrafias

non-sons

o boi berra
a cabra bale
a rã coaxa

o meu telefone
- ai de mim! -
nenhum
pio


Incisões

o bisturi
e os seus cortes
convexos

a mutilação

- cicatrizes
que fossilizam
o movimento
da sutura

o aço
que perfura
- gumes
no corpo inerte

carbonos
entre a erosão
e os sedimentos

distraído,
o açougueiro
nos fere de morte


mini-hq

ali fazia frio e sua noite era descomunal
mente inútil. Diante daquela circustân
cia incomum, para a qual não havia um
só comprimido, ele não pensou duas ve
zes : pegou o revólver na gaveta e atiro
u naquela que era a última foto da famíl
ia : pam! a imagem amarela do avô, nu
m átimo, desapareceu entre o cheiro de
pólvora. Para ter certeza deu outro tiro:
pam! - e pôde enfim dormir sossegado



do livro Minigrafias de Luís Araujo Pereira

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