O começo do livro é chato, mas com muito esforço comecei a perceber o humor na narrativa e no capítulo XXXI, achei a parte mais engraçada do livro, sobre a família de Vidinha. Fragmentos limitam, mas tenho que divulgar:
"Saibam pois que a família era composta de duas irmãs, ambas viúvas, ou que pelo menos diziam sê-lo, uma com três filhos e outra com três filhas; passando qualquer das duas dos seus quarenta e tantos; ambas gordas e excessivamente parecidas. Os três filhos da primeira eram três rapagões de 20 anos para cima, empregados todos no Trem; as três filhas da segunda eram três raparigas desempenadas, orçando pela mesma idade dos primos, e bonitas cada uma no seu gênero. Uma delas já os leitores conhecem; é Vidinha, a cantora de modinhas; era solteira como uma das suas irmãs; a última era também solteira, porém não como estas duas"
Alguns parágrafos abaixo:
"Se o leitor pensou no que há pouco dissemos, isto é, que naquela família haviam três primos e três primas, e se agora acrescentarmos que moravam todos juntos, deve ter cismado alguma coisa a respeito. Três primos e três primas, morando na mesma casa, todos moços... não há nada mais natural; um primo para cada prima, e está tudo arranjado. Cumpre porém ainda que observar que o amigo Leonardo tomara conta de uma das primas, e que deste modo vinha a haver três primos para duas primas, isto é, o excesso de um primo. À vista disto o negócio já se torna complicado. Pois para encurtar razão, saiba-se que haviam dois primos a uma só prima, e essa era Vidinha, a mais bonita de todas; saiba-se mais que um era atendido e outro desprezado: logo, o amigo Leonardo terá desta vez de lutar contra duas contrariedades em vez de uma"
[...]
Memórias... - Manuel Antônio de Almeida - 1854
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